Depois de meses à espera de um antídoto contra a doença que trouxe medo e muitas mudanças na rotina, dona Guilhermina Zimmermann não vai esquecer tão cedo do dia e a hora em que recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Em 08 de maio, entrou na fila da vacinação, em Biguaçu, sem se importar com qual imunizante seria vacinada. Tomou a AstraZeneca e está a pouco tempo de completar o esquema com a segunda dose. Para os especialistas, quanto mais gente repetir o gesto de dona Guilhermina, mais rapidamente a população poderá vencer a pandemia de coronavírus.
Fotos: Ricardo Wolffenbüttel / Secom
A busca por vacinas e a adoção de estratégias para acelerar o cronograma no estado têm sido uma luta incansável. Por determinação do governador Carlos Moisés, antes mesmo da chegada das primeiras doses no país, as equipes técnicas da Secretaria de Estado da Saúde (SES) já desenhavam, em Santa Catarina, a logística para distribuir as vacinas a todas as regiões, com o máximo de agilidade. "Esse trabalho foi fundamental e tem funcionado muito bem. Assim que recebemos as doses, em poucas horas, elas estão chegando aos municípios. Já aplicamos mais de dois milhões de doses e estamos entre os estados que mais vacinam’’, enaltece o governador.
Em Santa Catarina, a meta é que até o fim do mês de outubro toda a população adulta tenha recebido ao menos a primeira dose. "Precisamos da participação de todos para cumprirmos essa meta. A vacina e os cuidados com os protocolos sanitários são fundamentais para protegermos a nossa população, principalmente porque o inverno pode agravar a situação da Covid-19 no estado’’, alerta o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro.
Vacinas são fundamentais para vencer a pandemia
A médica infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE-SC), Lígia Gryninger, alerta que a vacina, junto às medidas de precaução como o uso de máscaras, higienização das mãos e o distanciamento social, é o único meio de controlar a doença, e que, por isso, as pessoas não podem deixar de se vacinar. A médica reforça ainda que todas as opções disponíveis são autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, na corrida contra o vírus, a população não deve se preocupar em escolher qual vacina tomar.
“O tempo de pesquisa até se descobrir uma vacina fez com que o vírus abrisse uma longa vantagem. O que a população precisa entender é que agora a vacina está aí e a gente não pode deixar de abraçar essa oportunidade. Escolher vacina, no entanto, não é o caminho para controlarmos a Covid-19. O que a gente precisa nesse momento é do maior número de pessoas vacinadas e o quanto antes’’, avalia.
A infectologista explica que as vacinas têm o objetivo de evitar internações e óbitos, ou seja, os quadros mais graves da doença, e que todas elas cumprem este propósito. Para a médica, tomar a vacina é uma atitude de responsabilidade, cuidado consigo e com o outro. "As vacinas trazem benefícios individuais e coletivos. Se eu tomei uma e o outro tomou uma diferente da minha, tenha certeza que os dois estarão protegendo um ao outro. Isso é o fundamental para vencermos a pandemia".
Foi com esse sentimento de cuidar de si e dos outros que dona Guilhermina foi para a fila da vacina assim que chegou a vez dela, aos 60 anos de idade. "Eu não via a hora. Tomei a vacina com muita alegria e nem perguntei qual era. Somente na hora fui informada que era a AstraZeneca. O que desejo é estar protegida e proteger quem está ao meu lado. Já queria até ter tomado a segunda dose, mas é só em agosto", revela ansiosa, mesmo se tiver que enfrentar novamente reações como as que teve na primeira dose, como um pouco de febre e dor no corpo.
Foto: Guilhermina Zimmermann/Arquivo pessoal
Escolha ser vacinado
Com a #euescolhiservacinado, a DIVE-SC reforça o pedido para que as pessoas não deixem de tomar a vacina, a que estiver disponível, independentemente da marca. O órgão reforça que todas são seguras e que a proteção de todos contra o coronavírus depende da proteção de cada um. Outra recomendação importante é que mesmo depois de vacinadas as pessoas não descuidem dos protocolos sanitários. O uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social continuarão indispensáveis.
No vídeo e na entrevista a seguir, a médica infectologista, Lígia Gryninger, esclarece dúvidas envolvendo a vacinação contra a Covid-19. Ela atua na linha de frente do combate à pandemia, na região da Grande Florianópolis. A médica fala sobre a importância de se vacinar, eficácia, segurança e reações à vacina, entre outros temas relacionados à proteção vacinal contra o coronavírus. Acompanhe as orientações e, quando chegar a sua vez, não deixe de tomar a vacina.
Por que é importante tomar a vacina?
Lígia Gryninger: A vacina é o único meio, junto com as medidas de precaução como o uso de máscara, da higienização das mãos e do distanciamento social, que vai fazer a gente vencer essa pandemia.
Das vacinas que estão disponíveis, qual delas é a mais recomendada?
Lígia Gryninger: Todas. As vacinas vão trazer benefícios individuais e coletivos. Se eu tomei uma e a outra pessoa tomou uma diferente da minha, tenha certeza que os dois estarão protegendo um ao outro. Isso é fundamental para vencermos a pandemia.
Tomei a CoronaVac, estou menos protegido? Ela é eficaz?
Lígia Gryninger: Quando a gente fala em eficaz, a gente pensa no mundo ideal, a gente pensa em não se contaminar pelo vírus. O que nós precisamos entender é que o objetivo da vacina é evitar o agravamento da doença, a hospitalização e o óbito. Então não tem que haver essa discussão de que uma vacina é menos eficaz que a outra. Todas têm o mesmo objetivo de diminuir a hospitalização e o número de óbitos".
Não quero tomar a AstraZeneca por que a vacina provoca muitas reações.
Lígia Gryninger: Isso vai depender de indivíduo para indivíduo. Não temos tido reações severas como estão dizendo por aí. O que nós sabemos é que algumas pessoas podem ter uma pré-disposição de desenvolver eventos adversos que a gente considera de leve a moderado no pós-vacinação, que acontece até com outras vacinas. Então, o que tem sido relatado com a AstraZeneca é febre, dor no corpo que deixa a pessoa 24, 48 horas um pouquinho mais debilitada, mas, nada que seja motivo para desistir desse tipo de vacina.
Tomei a vacina e não tive nenhuma reação, significa que não estou protegido?
Lígia Gryninger: Isso não está relacionado. Isso é uma pré-disposição individual que tem a ver com ter ou não algum evento adverso, em nada tem a ver com a proteção.
A vacina pode provocar a Covid-19?
Lígia Gryninger: Não. A vacina não é capaz de provocar a doença.
Eu posso escolher qual vacina tomar?
Lígia Gryninger: A gente deve tomar a vacina que estiver disponível. Nós não recomendamos a pessoa escolher a vacina, mesmo porque o objetivo é dar a proteção para todos, de maneira igual. Então, escolher a vacina nesse momento não é o caminho para a gente conseguir controlar a Covid-19.
Tomei a vacina. Significa que estou imunizado?
Lígia Gryninger: Para usar a palavra imunização ainda é cedo demais. O que a gente considera é que a vacina vai dar proteção (mesmo que a gente não saiba ainda por quanto tempo) para que, em contato com o coronavírus, você não desenvolva quadros graves ou venha a óbito.
A pessoa vacinada ainda pode transmitir o coronavírus?
Lígia Gryninger: A pessoa vacinada ainda pode pegar o coronavírus. Se ela pode pegar, ela pode transmitir.
Uma dose da vacina já é suficiente?
Lígia Gryninger: Depende da indicação do fabricante. Para os imunizantes que precisam de duas doses, é fundamental completar o esquema para que a gente possa considerar a pessoa vacinada.
Tomei a vacina. Já posso sair sem máscara?
Lígia Gryninger: Não. Infelizmente, não. Eu sei que todos estão ansiosos por este momento, mas, a vacinação não tira o seu dever de continuar usando máscara, higienizando as mãos e mantendo o distanciamento social.
Tomei a vacina e resolvi checar se adquiri anticorpos. O exame deu negativo, a vacina não foi eficaz?
Lígia Gryninger: Não existe ainda um exame para saber se estou protegido depois da vacinação. Existem alguns exames que podem sugerir uma proteção, mas o fato de eles virem negativos não significa que você não está protegido. A proteção vacinal é muito maior do que somente a dosagem de anticorpo indicada no exame de sangue.