A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC), divulga o resultado do Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa) realizado nos meses de março e abril de 2021 pelos municípios considerados infestados pelo Aedes aegypti.
O LIRAa é uma atividade que foi desenvolvida pelo Ministério da Saúde em 2002. Ela permite a identificação de áreas com maior proporção/ocorrência de focos, bem como dos criadouros predominantes, indicando o risco de transmissão de dengue, febre de chikungunya e zika vírus. A atividade é realizada por meio da visita a um determinado número de imóveis do município, onde ocorre a coleta de larvas para definir o Índice de Infestação Predial (IIP).
Conforme definido na Estratégia operacional do estado de Santa Catarina, os municípios infestados devem realizar a atividade nos meses de março e novembro. Neste ano, devido ao cenário de transmissão do novo coronavírus, o prazo da atividade foi ampliado até meados de abril.
Dos 108 municípios que foram orientados a realizar o LIRAa neste ano, em virtude da sua condição de infestação pelo Aedes aegypti no momento, apenas três (03) não realizaram a atividade - Entre Rios, Passos Maia e Riqueza.
Portanto, em março de 2021, a atividade do LIRAa foi realizada por 105 municípios, destes 17 (16,2%) apresentaram alto risco para a transmissão de dengue, febre de chikungunya e zika vírus, 58 (55,2%)apresentaram médio risco e 30 (26,6%) baixo risco (Tabela 1). Destaca-se que, dos 17 municípios com alto risco, seis (06) estão localizados na região de saúde na Foz do Rio Itajaí, cinco (05) no Oeste, dois (02) em Xanxerê, um (01) no Extremo Oeste, um (01) no Alto Uruguai Catarinense, um (01) no Nordeste e um (01) na Grande Florianópolis (Figura 1).
Os dados demonstraram um aumento no número de municípios considerados de médio risco (55,2%) para transmissão e manutenção nos de alto risco (16,2%), situação que se traduz o cenário epidemiológico que vem ocorrendo em 2021.
A atividade do LIRAa fornece informações referentes a quantidade e o tipo de recipientes inspecionados, ou seja, locais que apresentam água, e que podem servir como criadouros para reprodução do Aedes aegypti. Esses dados auxiliam os municípios a discutir e direcionar ações para áreas apontadas como críticas, além de avaliar as atividades desenvolvidas, o que possibilita a otimização de recursos humanos e materiais disponíveis.
No LIRAa realizado em março de 2020 foram inspecionados 63.620 depósitos. Já na atividade realizada neste ano, foram 90.788 depósitos inspecionados, o que representa o aumento de 42,7%.
Os principais tipos de recipientes inspecionados na atividade foram: pequenos recipientes móveis, como pratinhos de plantas e baldes (35,9%), lixo e sucata (27,7%) e os recipientes fixos como calhas e piscinas (15,9%) (Figura 2).
Entretanto, é importante destacar que em relação aos recipientes predominantes existem diferenças conforme a Gerência Regional de Saúde (GERSA) analisada (Tabela 2). Os pequenos depósitos móveis foram predominantes nas GERSAS de Mafra (64,2%), Concórdia (49,2%), Jaraguá do Sul (44,8%), São Miguel do Oeste (43,0%), Chapecó (42,4%), Grande Florianópolis (41,8%), Araranguá (40,9%), Itajaí (39,3%), e Joaçaba (33,4%).
O lixo e a sucata representaram 56,7% dos inspecionados na GERSA de Videira, Xanxerê (33,8%), Chapecó (31,8%), Blumenau (31,3%) e Joinville (30,4%). Em relação aos recipientes fixos, como calhas e piscinas, destacaram-se as GERSAS de Concórdia com 27,7%, Grande Florianópolis com 19,9% e Itajaí com 19,6% do total de recipientes inspecionados. Quando a análise recai sobre os recipientes naturais, como as bromélias, existiu uma representatividade maior nas GERSAS de Joinville (14,6%), Blumenau (14,5%) e Araranguá (13,9%).
Salientamos que os IIP apresentados neste Boletim são calculados de forma global para o município, não particularizando a situação de infestação por estrato. Assim, cabe a cada município analisar os dados obtidos levando em consideração os diferentes índices por estrato, bem como os tipos de recipientes prevalentes, objetivando direcionar as ações de controle vetorial adequadas.
É importante destacar que com o aumento no número de municípios classificados como médio risco, favorece a ocorrência de surtos ou epidemias das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Com essa situação, é fundamental a intensificação das ações de controle envolvendo outras áreas da gestão municipal e da sociedade civil organizada, a fim de eliminar ou adequar locais que possam acumular água. O controle do Aedes aegypti ainda é a melhor estratégia para evitar a transmissão de dengue, febre de chikungunya e zika vírus no estado de Santa Catarina.